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“Por que tudo vai ao Judiciário? Porque as instituições não funcionam. Vai-se ao juiz por necessidade, porque não se coloca à mão do povo meios de solucionar o problema. A judicialização é a insatisfação da população com aquilo que podia obter administrativamente. O juiz brasileiro substitui o administrador.
 
A crítica acima foi feita por Ada Pellegrini Grinover há pouco mais de dois anos em um evento numa mostra que uma das juristas mais respeitadas do país continuava não só atuante, mas ciente das mazelas enfrentadas pelos cidadãos.
 
Junto de outros grandes nomes de peso como Miguel Reale, Maria Helena Diniz e Goffredo da Silva Telles Júnior, Pellegrini participou da elaboração do Código Civil de 2002, e atuou também na reforma do Código de Processo Penal e do Código de Defesa do Consumidor. Foi coautora da Lei de Interceptações Telefônicas, da Lei de Ação Civil Pública e da Lei do Mandado de Segurança. No ano passado finalizou mais um livro Ensaios sobre a processualidade – Fundamentos para uma nova teoria geral do processo, onde defende que a jurisprudência hoje em dia deve ter uma função criadora, ir além das interpretações da lei e da Constituição.
 
Em entrevista ao site Consultor Jurídico há exatamente um ano defendeu o ativismo judicial.  “O juiz atual tem que ser ativo, sim! Claro que tem que ter limites, que são a razoabilidade, a motivação, não pode se substituir ao administrador. Mas o juiz tem que ser ativo porque o Judiciário é protagonista do Estado de Direito. Ele é construtor do Estado de Direito…”
 
A morte de Ada Pellegrini Grinover nessa quinta-feira (13) foi lamentada pela comunidade jurídica do país. A seccional de São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil decretou luto oficial, mas a própria professora numa passagem lembrada pela equipe da Conjur deu uma ideia do que pensava sobre a morte.  Autorizada a fumar num recinto fechado durante uma entrevista, ganhou a companhia de uma jornalista e disse: “Parabéns, você não tem medo da vida nem da morte! ”. Ela também não tinha.